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Mais um verão, mais um ano sem férias, mais dias por dia sempre juntos. Somos os três uma equipa que apesar das circunstancias da vida, estarmos 24horas por dia, dias e dias a fio em casa não nos cansa, nem é obstaculo. Admito que por vezes não é fácil para os três, mas respeitamos o nosso espaço individualmente, com muita paz, tranquilidade, paciência, compreensão e sobretudo amor. Admito que às vezes sinto necessidade de sair do espaço deles, e que eles também devem ter essa necessidade...mas é um prazer enorme estarmos os três, e gostamos de planear as coisas a três.

Voltámos a fazer coisas que não fazíamos à 2 anos...que  saudades: fazer malas, carregar o carro (com o meu marido a protestar mas a deixar todos os sacos arrumadinhos como se de um jogo de tetris se tratasse), listas do que faz falta, sacos e saquinhos, fechar a casa, deixar aos meus sogros os recados dos peixes/pássaros e flores a tratar, partir em viagem!

Quando chegámos à aldeia o tempo parou! Sabíamos que não eram férias, mas sabíamos da necessidade urgente que tínhamos de sair de casa.

O tempo parou! Sem rede nos telemóveis, sem internet, com 4 canais de uma TV que por vezes não dava som, nem imagem. 

O tempo parou! Sem horas para as refeições, sem horas para dormir ou acordar.

O radio sempre a tocar, o fogareiro sempre a bombar, as espreguiçadeiras no quintal, as noites de luar, os serões a jogar e a conversar. Foi com enorme prazer que ocupamos estes nossos dias, com vontade de trabalhar, com vontade de partilhar, com vontade de viver a vida e saborear cada tarefa com uma cumplicidade que é só nossa. Por vezes estávamos tão distraídos cada um com a sua tarefa que perdíamos a noção das horas. Ás vezes era o próprio buzinar do padeiro que por ali passa que me fazia acordar no tempo.

Duas refeições em familia, com primos, unicos vizinhos próximo daquele casario onde o tempo parou. Cercados de casas abandonadas onde o tempo teima em parar. 

Não existe café, só na aldeia mais próxima, viva a minha máquina de café! As vezes que saímos tiveram que ser mais do que as que estávamos a contar pois sem comércio por perto e com algumas compras simples mas inesperadas que necessitávamos para os "trabalhos" na casa tínhamos que fazer alguns quilómetros à cidade mais próxima. Mas eram viagens tão rápidas que até nessas alturas o tempo parava.

Céus! Precisávamos destes dias como do ar que respiramos. Precisávamos de gastar energias e renovar energias. Os problemas não se resolveram, as dores não se apagaram, a angustia e a ansiedade não desapareceram...mas o tempo parou!

Adorámos e saboreamos cada minuto daquele tempo que parou, regressámos à nossa casa com a promessa de que vamos voltar para aproveitar e gozar de todo o trabalho que tivemos ... pois ... porque para isso ... já não tivemos tempo!

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Preserverança

" Jogo a minha rede no mar da vida e às vezes, quando a recolho, descubro que ela retorna vazia. Não há como não me entristecer e não há como desistir. Deixo a lágrima correr, vinda das ondas que me renovam, por dentro, em silêncio: dor que não verte, envenena. O coração marejado, arrumo, como posso, os meus sentimentos. Passo a limpo os meus sonhos. Ajeito, da melhor forma que sei, a força que me move. Guardo a minha rede e deixo o dia dormir. Com toda a tristeza pelas redes que voltam vazias, sou corajosa o bastante para não me acostumar com essa ideia. Se gente não fosse feita pra ser feliz, Deus não teria caprichado tanto nos detalhes. Perseverança não é somente acreditar na própria rede. Perseverança é não deixar de crer na capacidade de renovação das águas. Hoje, o dia pode não ter sido bom, mas amanhã será outro mar. E eu estarei lá na beira da praia de novo. " Ana Jacomo

Direitos de autor

* Todas as fotos/imagens que tenham "todososdias" são minhas. Todas as outras, são retiradas da internet e estão aqui porque aparentemente são públicas. * Qualquer correção na citação da autoria (imagens ou mensagens) é só entrar em contato para eu poder corrigir.


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