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Nunca na minha vida me passou pela cabeça trabalhar fora de casa. Muito menos num local a 8h de viagem de avião, de distância! Céus, como é possível, eu ir trabalhar fora e ainda por cima para Angola. Nem consiguia acreditar, quando o telefone tocou a convidarem para fazer parte deste projecto, não sabia de havia de sorrir se de chorar. Panico foi sem divida a primeira coisa que me passou pela cabeça.
Nunca tinha estado longe de casa, sem a minha filha e sem o meu marido. Nunca os deixei sozinhos. Nunca pensei partir sozinha. Foi um desespero, uma angustia, e tive vairias vezes vontade de dizer que não. Eu não queria ir.
Mas fui. Não sei onde fui arranjar coragem. Mas fui. Fui por amor, fui por mim e por eles os dois.
Tratar dos preparativos da viagem não foi fácil. Passaporte, vistos, consulado e mais uma dezena de burocracias. Consulta de medicina tropical, anti-virais, repelentes, vacinas e medicamentos brutalmente caros. Mala, roupa e demais procedimentos de viagem. Casa, roupa e comida organizados para a gestão ser fácil durante a minha ausência. Agenda, apresentações, relatórios, levantamentos, plano de trabalhos, metedologias tudo em ordem para que eu me saísse bem e a minha prestação corresse bem junto do cliente.
Não gostei de ir. Não gostei da saudade. Não gostei do sentimento de partida. Não gostei de andar de avião. Não gostei de Luanda. Dizem que Angola é muito bonita, mas que eu estive no pior sitio de Angola, bem no centro da cidade de Luanda. Não gostei do clima, da humidade, do cheiro da terra, da cor do céu, das ruas, do transito, do hotel (um quarto sem janela), do aspecto de tudo... ora em obras... ora destruição e abandono.
Gostei das pessoas, simpáticas e amáveis. Gostei do trabalho, com muito medo e ansiedade acho que até me sai bem e tentei dar o meu melhor. Gostei dos colegas da equipa deste projecto, que não conhecia, e todos me receberam bem com respeito, cordialidade e simpatia. Gostei do horário de trabalho que praticam por causa do transito, começava a trabalhar às 7h30m da manha, mas à 16h já estava de volta ao hotel, em Portugal devíamos ter este horário, o dia rende melhor e sempre ficamos com mais tempo para nós e para a família. (Embora eu quando regressava ao hotel tivesse sempre muito trabalho para fazer). Gostei dos almoços de peixe e do jantar com a equipa na marina de Luanda. Gostei da varanda do hotel. Não fui passear, nem visitar nenhum sitio em especial, os meu cinco dias em Luanda resumiram-te a hotel, escritório da empresa e reuniões na sede do cliente... mas gostei muito da baia de Luanda, o motorista quando me levava para o hotel fazia sempre questão que passássemos junto à baia. Muito bonito!
"todososdias"
Vou ter que voltar no próximo ano, o projecto implica mais viagens, ainda não sei quando nem quantas vezes, mas vou ter que voltar :(
O medo inicial já o perdi, a angustia e o não querer ir mantêm-se, mas vou tentar viver o ano que se avizinha como um recomeço, com tranquilidade, com coragem e força, para que as partes menos boas sejam demasiadamente insignificantes às muito boas que estão para vir!