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(P. Zézinho)
Eu era pequenino, nem me lembro,
só lembro que, à noite, ao pé da cama,
juntava as mãozinhas e rezava apressado,
mas rezava como quem ama.
Nas Avé Marias que eu rezava
eu sempre engolia as palavras,
E, muito cansado, acabava dormindo,
mas dormia como quem amava.
Avé, Maria, Mãe de Jesus,
o tempo passa, não volta mais,
tenho saudades daquele tempo
que te chamava minha mãe.
Avé, Maria, Mãe de Jesus, Avé, Maria, Mãe de Jesus.
Depois fui crescendo, eu me lembro,
e fui esquecendo nossa amizade.
Chegava lá a casa abatido e cansado,
de rezar não tinha vontade.
Andei duvidando, eu me lembro,
das coisas mais puras que me ensinaram.
Perdi o costume da criança inocente,
minhas mãos já quase não se juntaram.
Nas Avé Marias que hoje rezo
esqueço as palavras e adormeço
E, embora cansado, sem rezar como devo,
eu de ti, Maria, não me esqueço.
(a mensagem desta canção acompanha-me desde a minha infância, não consigo conter as lágrimas sempre que a canto, cada palavra são o espelho de mim e da minha relação com Maria)
Comigo todos os dias!
É do tempo... Os dias amanhecem cinzentos, sombrios. A chuva não nos têm largado, teima em não querer ir embora. Não está frio... mas tudo isto muito me entristece. É cansaço. É tristeza. É angustia. É medo. É ...sei lá!
Não quero pensar muito no que quer que seja, não me apetece nada, não tenho vontade para nada. Apenas limito-me ao que tenho obrigatoriamente que fazer. Sai de manhã para caminhar, mas nem isso consegui, a meio a chuva empurrou-me de volta a casa. Quando tudo parece conspirar contra mim, talvez seja melhor ficar apenas comigo, sossegada no meu canto.
É certo que as minhas ansiedades de outros tempos estão mais ténues, aos poucos vão sendo substituídas por nostalgia e tristeza. Ultimamente volto a acordar ainda o dia não nasceu, que me traz à memória noites muito duras, mas apesar de andar a dormir muito poucas horas na verdade não me sinto com falta de horas de sono como antigamente, e logo de manhã bem cedo já estou de pé.
É certo que o tempo também têm estado a combinar com este meu estado de espírito, portanto será o tempo desculpa para tudo, não, não justifica o meu estado de espírito. Ou justifica?
Ou...não é pelo tempo de chuva, nem por desculpa minha, é por nós que teimam em não desatar...não é do tempo, nem do cansaço, nem da tristeza, nem do medo, é sim desta minha maldita maneira de ser que a me leva a estar sempre preocupada por antecipação.
Tento mudar os meus pensamentos, tento pensar em coisas boas só para ver se me distraio e relego esta preocupação triste que chega mansinho, por ora.
Venha o sol!
(valha-me um trabalho de economia da minha filha que me têm ajudado a passar os dias)
"Só se pode ser feliz simplificando, simplificando sempre, arrancando, diminuindo, esmagando, reduzindo; e a inteligência cria em volta de nós um mar imenso de ondas, de espumas, de destroços, no meio do qual somos depois o náufrago que se revolta, que se debate em vão, que não quer desaparecer sem estreitar de encontro ao peito qualquer coisa que anda longe: raio de sol em reflexo de estrelas. E todos os astros moram lá no alto." Florbela Espanca, em "Diário do Último Ano"
Tudo de que preciso está dentro de mim. Nunca estará em nenhum lugar. Simples assim ♡