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"todos os dias"
Assim o pensámos, assim o fizemos e em menos de dois minutos decidimos ir passar o fim de semana à aldeia.
Tudo ao molho para dentro das malas, e assim que a minha filha saiu da escola pusemos-nos à estrada.
O pouco que temos feito na casa, nos últimos dois anos, sem duvida que é um dos factores que nos leva a querer voltar. Só o facto de antes ficar um ano inteiro sem lá irmos, foi tornando o espaço desconfortável. as pequenas melhorias feitas com pouco dinheiro mas com muito empenho levam a que em menos de cinco minutos abrimos a casa, resolvemos um pequeno "piripac" com ratinhos do campo (grrrrr...), lasanha no forno e lá nos instalámos. Impensável a alguns anos a trás. Um outro factor não menos importante é como ali no meio do nada, o relógio pára e a tranquilidade se instala, aos poucos temos vindo a descobrir dentro de nós que é um lugar fantástico para pequenas escapadinhas. Ouvimos a chuva, sentimos o cheiro da terra molhada. O silêncio é profundo e de manhã quando abrimos as janelas ouvimos os passarinhos e o vento a sacudir as folhas.
Queimar as madeiras velhas que amontoámos com as limpezas de verão era uma prioridade, que só se pode fazer nos meses de inverno. Á volta da fogueira e de enxada e ancinho na mão, o quintal foi aparecendo no meio daquela quantidade de enorme de mato, quase da minha altura, ia sendo colocado em montinhos para secarem. Fizemos canteiro novo para as roseiras, hortenses e brincos de princesa que andavam espalhadas pelo quintal. Descarregámos energias, sentimos a terra nas nossas mãos, rimos, resmungámos, tudo a três.
Um céu estrelado, uma fogueira quentinha a chamar por nós, umas castanhas a assar. Ali fizemos o nosso magusto, ali passámos o nosso serão em dia de "pao-por-deus" e de "todos os santos". Só com a luz da fogueira a crepitar, sentados no chão, relaxámos de um dia árduo fisicamente mas que nos encheu o coração e a alma. Sempre a três, soube pela vida.
Adormecemos a cheirar a fumo, a cheirar a campo.
Vamos voltar, ó se vamos!
1. Fogueira de assar castanhas.
2. Porção de castanhas assadas nessa fogueira.
3. Merenda de castanhas assadas.
4. Festa, geralmente associada ao dia de S. Martinho ou ao dia de Todos os Santos, em que tradicionalmente se assam castanhas.
"magusto", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
Entrar novamente no ritmo leva tempo. Regressámos de férias, sinto saudades de tudo o que de bom estas duas semanas me trouxeram: nós os três...tão próprio de nós. Sem pressas, sem horas, sem internet, sem confusões. Grandes ajuntamentos de pessoas só quando tínhamos que ir às compras (e apenas os bens essências para a nossa despensa, nada de montras e compras extras), na praia que tão bem conhecemos com o seu enorme areal permite estarmos tranquilos mesmo com muita gente.
Pequenos almoços às tantas, tarde a aproveitar cada minuto de sol (menos o vento que este ano resolveu dar "ares da sua graça", sem falar da água que xiça estava tão fria), sandochas super recheadas e fresquinhas, leituras em dia, muita perguiça, serões a jogar a três.
Dois jantares, dois passeios à noite. Um regado com pizza e pulseirinhas à beira mar em Albufeira. O outro um franguinho piri-piri e uma voltinha e Pêra. Ainda recebemos "amigos" para jantar, mas é uma aventura que fica para outro post.
Já não é a primeira vez que estamos ao Sul, infinitamente simpático e disponível. Quem diria que a casa nestes anos nos têm acolhido se revelou o lugar que tanto queríamos para apreciar os dias, que passaram devagar, ao sabor da vida boa que nem sempre conseguimos reconhecer e agradecer.
Acho que nestes últimos anos a casa até á mais nossa, considerando os dias que a habitámos relativamente ao proprietário. Cuidamos dela, limpámos e arranjamos como se nossa fosse.
Apesar das minhas ansiedades, que agora não são para aqui chamadas, e que eu vou vencer...foi muito bom, regressámos com a alma cheia de dias bons, azuis, e a vontade de os prolongar o resto do verão.
"Os dias bons não são os que ficam para lembrança. São aqueles que se esquecem, porque se repetem na mais estúpida felicidade, mas que, todos juntos, servirão para um dia eu poder dizer "sim, eu já fui feliz." (Miguel Esteves Cardoso)
"Uma vez por ano, vá a algum lugar onde nunca esteve antes."Dalai Lama
Estas palavras encontraram-me. Se eu pudesse viajar para um lugar novo a cada dia, eu agarrava a oportunidade num piscar de olhos. Às vezes estou tão habituada às minhas rotinas diárias e imediações que me esqueço que há um mundo inteiro cheio de pessoas diferentes, lugares e culturas. Acho que expor-se a um novo lugar, pelo menos uma vez por ano é uma das coisas mais gratificantes que podemos fazer com o nosso tempo e dinheiro. Este ano já explorei dois lugares novos, não há duvida que estar numa viagem nem que seja por apenas algumas horas ou uma escapadinha é sempre divertido e emocionante. Apartir de agora vou tentar fazer uma vez por ano. Para aplicar. E é assim mesmo!
"todososdias"
Quando fomos, a viagem foi rápida, queríamos chegar o mais rápido possível ao nosso destino, fomos directo. Desfrutámos o "nosso" monte até ao máximo, partilhámos, descontraímos, rimos, abraçamos e amámos cada recanto e cada pormenor. Hoje de manhã tomámos o nosso pequeno almoço cedinho, com o delicioso pão do monte, arrumamos calmamente as malas e rumamos a casa sempre pela costa, sempre junto ao mar e parando sempre em cada praia. Zambujeira, Almograve, Cabo Sardão...Em Vila Nova de Mil Fontes almoçámos lulas grelhadas e ainda demos um pulinho à praia, mas apesar da temperatura ser amena os dias estão nublados e ventosos, quando o sol desaparecia vinha o frio, apesar de tudo ainda deu para estriar o chapéu de sol novo. Terminámos a respirar, cheirar, sentir, ouvir o nosso mar em Porto Covo.
Umas mini-mini-férias que soberam a muito, chamámos-lhe pré-ferias a aguçar o apetite para o bom que vai ser o nosso verão....roubámos cada bocadinho de energia que o "monte" têm e regressámos cheios. E é assim mesmo
"todososdias"
Acordámos tardíssimo...contrariamente ao que tínhamos planeado. Os postigos estavam todos fechados, o silêncio do campo, a tranquilidade de sabermos que não tínhamos horas para levantar fez com a nossa mente e corpo entrasse em modo "relax".
O pequeno almoço tornou-se em almoço, percorremos o monte de bicicleta, minutos a perder de vista no lago em sessão fotográfica com muitas gargalhadas pelo meio e pedaladas na "gaivota" do lago com muita brincadeira. Uma tarde nas espreguiçadeiras da piscina e com mergulhos e salpicos, éramos só os três e aquela imensidão de campo onde o ar, o respirar, o sentir, o abraçar era só nosso com os passarinhos como testemunhas.
Quando a fome apertou fez-se o nosso tradicional "almoço-lanche-ajantarado", que é regra das nossas férias de verão. Dias sem tempo contado, sem pressa, sem trabalho. O serão esse vai ser como ontem, jogamos às cartas, rimos, partilhamos, serenamos, abrandamos, amamos.
"todososdias"
Chegámos ao final da tarde...
Desarrumar os sacos, um mergulho na piscina, uma volta pelo monte. Espreguiçadeira e primeira leitura pelas revistas.
O churrasco, o jantar, o serão e muitos abraços.
Só estamos cá nós, uns "vizinhos" e a Nana (com apenas 3 meses é uma cadelinha dócil, meiga e divertida) mais a sua mãe. Tão calmo, tão tranquilo, tão bonito. O silêncio, e nós...e a nossa paz, os nossos sorrisos, os nossos abraços.