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"Casa arrumada é assim: Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela. Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas… Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida…
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha. Sofá sem mancha? Tapete sem fio puxado? Mesa sem marca de copo? Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde. Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto… Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda. A que está sempre pronta pros amigos, filhos… Netos, pros vizinhos… E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia. Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias… Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela… E reconhecer nela o seu lugar." Carlos Drummond de Andrade
Aqui têm chão riscado, aqui têm sofás manchados, aqui têm gavetas de entulho, aqui têm lençois revirados...aqui têm vida e [muito, muito] amor!
A nossa casa foi feita para vivermos nela!
Apesar de algumas indecisões por causa dos testes que estão quase a começar, lá conseguimos arrumar as trouxas e regressámos à aldeia.
O sol brindou-nos estes dias, sinónimo de mesa ao ar livre e refeições em saudáveis. O silêncio é absolutamente regenerador e o ar do campo é um reconforto que não tem preço. O resto do mundo fica lá fora, desligamos tudo e os dias ficam mais leves.
Agora é a vez da cozinha, um espaço muito pequenino, muito estragado e muito mal aproveitado. Fazer tudo com calma até porque sabemos que as coisas feitas com a "prata da casa" demoram o seu tempo. Arrumar, desarrumar, (re)organizar, (re)construir e aos poucos a casinha da aldeia vai ficando um lugar onde apetece muito, muito voltar.
1. Telefonema do sogro, a semana passada, a pedir para eu pagar o IUC do carro dele, com promessa de pagamento entre dia 4 ou 5. - {Já sabia que era apenas promessa, as reformas só são pagas a dia 8.}
2. Telefonema do sogro, dia 5, não tinha ainda a totalidade do dinheiro e jogava o Benfica. - {Vá lá ver a bola descansado ainda não é dia 8. Menos mal, desta vez até teve a "amabilidade" de telefonar.}
3. Telefonema da sogra, hoje, "eu já recebi a minha reforma, mas ele não" - {Desculpe??? Não percebi??? Ela já está servida, eu que estou desempregada tenho que esperar que ele receba!}
Irr@!...
Fervi de tal forma cá dentro que tive vontade de responder, mas tinha visitas cá em casa e parecia mal. Fervi de tal forma que fiquei zangada comigo própria. Quem disse que à família é obrigatório desculpar tudo?
(nunca mais aprendo, ela no cabeleireiro e eu a "arder" com o dinheiro)
Já estávamos em "divida" com a aldeia desde Novembro e ficar por casa a dividirmos-nos em refeições de família, a saltar de casa em casa, estava fora de questão.
Voltámos à aldeia para celebrarmos a nossa Páscoa, longe da calma do ano passado porque desta vez éramos muitos, porque foram "mini-dias" e a primavera ainda não nos brindou com dias soalheiros.
Voltámos a abrir a casa, muito embora o inverno não tenha sido muito rigoroso e as melhorias que temos feito muito contribuíram para o bom estado em que se encontrava, tem sido sempre uma preocupação minha prioritária. Aproveitámos o sol a espreitar por entre pingos de chuva para caiarmos as paredes da casa, não ficou perfeito mas o branco do pó mágico deixou a nossa casinha a brilhar. Aproveitámos a chuva para dedicarmos o tempo a organizar e a planear as próximas obras, materiais comprados antecipando as próximas mini-férias já em Abril.
Mas principalmente aproveitámos o melhor de tudo: estar, cuidar, abraçar e agradecer o tempo que o tempo nos dá para parar e valorizar o melhor que temos na vida: as nossas pessoas.
"Uma casa precisa um ninho ser, pois o amor precisa de espaço para crescer, de alguns empurrões para saltar e voar, muita liberdade para querer ficar, alguns espaços para conceber e procriar, jardins para a alegria plantar.
Uma casa precisa de muito amor, cuidados para não ter medo de alguém partir, um pouco de ciúmes para proteger, amizade para o companheirismo perdurar, o dom de sempre surpreender, e enfeitiçar sempre para durar.
Uma casa precisa ser um bom e doce lar, com muita cumplicidade a esbanjar, união e somatório para ter sempre o que dar, família grande para ter a vida sempre a se doar, e um grande, grande amor para nos realizar." Lia Luft
A nossa casa é onde está o nosso coração ♥
Agosto é mês das minhas "marias" regressarem à aldeia, este ano não vou poder estar lá com elas mais dias, mas um fim-de-semana estava prometido. A canalização da nova casa de banho, ainda está em modo "iniciar" e um cano resolveu estar a perder água. A televisão não estava a funcionar, muito embora os seus apagões temporários sempre trabalhou e achamos que a minha mãe é que não estava a conseguir ligar (não nos enganamos!). Malas no carro e lá fomos para a aldeia (está a tornar-se um hábito mensal, e nós gostamos!).
Desta vez foi muito diferente, estávamos todos, a passar um fim-de-semana juntos. Desde que o meu pai faleceu, estivemos lá varias vezes mas resumiu-se sempre a meia dúzia de horas, recordo apenas um fim-de-semana quando tivemos que ir arrumar as coisas que lá pusemos do escritório.
Desta vez foi especial, e eu fiquei de coração cheio, o que fizemos nos últimos três anos está agora lentamente a dar frutos. Fogareiro sempre a bombar. Ancinhos, pás e enxadas sempre a saltar. E ainda reciclamos um lavatório que descobrimos no sótão. Impossível estar parado por ali, existe sempre algo para fazer. E o tempo também ajudou, embora cinzento, com chuva, esteve quente. Com sol seria impossível limparmos o quintal. E sem chuva não teríamos nos divertido tanto ao serão, debaixo do "telheiro" improvisado, que deu direito à realização de uma "curta-metragem".
Impossível estar parado por ali, existe sempre algo para fazer. Tão simples e tão bom. Grata pelas pessoas que partilham connosco abraços, sorrisos, algazarras, sem filtros, somos simplesmente nós mesmos. Confio nos caminhos que a vida nos leva e sempre grata pelos lugares que nos fazem bem. Bora lá voltar!