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"todososdias"
Festejámos os anos da minha irmã na aldeia, no "nosso" cantinho onde recuperamos energias, onde ganhamos inspiração e atitude positiva para encarar cada dia. São fins-de-semana onde cabe tudo e aproveitamos o melhor de tudo: estar, cuidar, abraçar e agradecer.
É certo que é impossível estar parado por ali, o protejo de recuperar a cozinha ainda vai a meio, mas também não temos pressa. Não importa o tempo, mas o valor que damos a cada canto que vamos recuperando com as nossas mãos. Esta é sem duvida a maior prova de que sem nada podemos fazer tudo, basta querer. A força maior é a vontade de fazer acontecer.
Desta vez andámos pelo quintal, aproxima-se o outono e algumas coisas têm que ficar arranjadas antes que as chuvas não nos permitam andar por ali. Certo e sabido o meu amor por plantas e terra, aquele é um espaço que se eu pudesse "voava". Não temos, nem podemos fazer muito por ali, apenas nos limitamos a limpar e cuidar porque é a frente do "nosso" cantinho.
Desde a primavera que temos voltado todos os meses, inclusivamente em Julho e Agosto voltámos mais que uma vez, foi um compromisso que assumi comigo própria, e que nem sempre é fácil porque a vida aqui e ali vai me colocando alguns obstáculos.
Regressamos a casa sempre muito cansados mas de coração cheio. Confio nos caminhos que a vida nos leva e sempre grata pelos lugares que nos fazem bem. Bora lá voltar!
Apesar de algumas indecisões por causa dos testes que estão quase a começar, lá conseguimos arrumar as trouxas e regressámos à aldeia.
O sol brindou-nos estes dias, sinónimo de mesa ao ar livre e refeições em saudáveis. O silêncio é absolutamente regenerador e o ar do campo é um reconforto que não tem preço. O resto do mundo fica lá fora, desligamos tudo e os dias ficam mais leves.
Agora é a vez da cozinha, um espaço muito pequenino, muito estragado e muito mal aproveitado. Fazer tudo com calma até porque sabemos que as coisas feitas com a "prata da casa" demoram o seu tempo. Arrumar, desarrumar, (re)organizar, (re)construir e aos poucos a casinha da aldeia vai ficando um lugar onde apetece muito, muito voltar.
Já estávamos em "divida" com a aldeia desde Novembro e ficar por casa a dividirmos-nos em refeições de família, a saltar de casa em casa, estava fora de questão.
Voltámos à aldeia para celebrarmos a nossa Páscoa, longe da calma do ano passado porque desta vez éramos muitos, porque foram "mini-dias" e a primavera ainda não nos brindou com dias soalheiros.
Voltámos a abrir a casa, muito embora o inverno não tenha sido muito rigoroso e as melhorias que temos feito muito contribuíram para o bom estado em que se encontrava, tem sido sempre uma preocupação minha prioritária. Aproveitámos o sol a espreitar por entre pingos de chuva para caiarmos as paredes da casa, não ficou perfeito mas o branco do pó mágico deixou a nossa casinha a brilhar. Aproveitámos a chuva para dedicarmos o tempo a organizar e a planear as próximas obras, materiais comprados antecipando as próximas mini-férias já em Abril.
Mas principalmente aproveitámos o melhor de tudo: estar, cuidar, abraçar e agradecer o tempo que o tempo nos dá para parar e valorizar o melhor que temos na vida: as nossas pessoas.
Regressámos a casa já em Abril.
(re)começar Abril com sol, paz e todo o amor que nos rodeia.
Grata por esta nossa teimosia em querermos ser felizes todos os dias!
Vamos voltar. Sei que estamos os três a precisar de respirar mais, encher o peito de ar, sentir a terra e renovar a fé em tudo o que somos. Sem regras, nem pressas, que é como acreditamos que a felicidade das coisas pequenas sabe melhor. É tempo de respirar...e amar acima de tudo!
Por isso, os próximos dias vão correr bem. Só podem correr bem. E é assim mesmo!
"todos os dias"
Assim o pensámos, assim o fizemos e em menos de dois minutos decidimos ir passar o fim de semana à aldeia.
Tudo ao molho para dentro das malas, e assim que a minha filha saiu da escola pusemos-nos à estrada.
O pouco que temos feito na casa, nos últimos dois anos, sem duvida que é um dos factores que nos leva a querer voltar. Só o facto de antes ficar um ano inteiro sem lá irmos, foi tornando o espaço desconfortável. as pequenas melhorias feitas com pouco dinheiro mas com muito empenho levam a que em menos de cinco minutos abrimos a casa, resolvemos um pequeno "piripac" com ratinhos do campo (grrrrr...), lasanha no forno e lá nos instalámos. Impensável a alguns anos a trás. Um outro factor não menos importante é como ali no meio do nada, o relógio pára e a tranquilidade se instala, aos poucos temos vindo a descobrir dentro de nós que é um lugar fantástico para pequenas escapadinhas. Ouvimos a chuva, sentimos o cheiro da terra molhada. O silêncio é profundo e de manhã quando abrimos as janelas ouvimos os passarinhos e o vento a sacudir as folhas.
Queimar as madeiras velhas que amontoámos com as limpezas de verão era uma prioridade, que só se pode fazer nos meses de inverno. Á volta da fogueira e de enxada e ancinho na mão, o quintal foi aparecendo no meio daquela quantidade de enorme de mato, quase da minha altura, ia sendo colocado em montinhos para secarem. Fizemos canteiro novo para as roseiras, hortenses e brincos de princesa que andavam espalhadas pelo quintal. Descarregámos energias, sentimos a terra nas nossas mãos, rimos, resmungámos, tudo a três.
Um céu estrelado, uma fogueira quentinha a chamar por nós, umas castanhas a assar. Ali fizemos o nosso magusto, ali passámos o nosso serão em dia de "pao-por-deus" e de "todos os santos". Só com a luz da fogueira a crepitar, sentados no chão, relaxámos de um dia árduo fisicamente mas que nos encheu o coração e a alma. Sempre a três, soube pela vida.
Adormecemos a cheirar a fumo, a cheirar a campo.
Vamos voltar, ó se vamos!
1. Fogueira de assar castanhas.
2. Porção de castanhas assadas nessa fogueira.
3. Merenda de castanhas assadas.
4. Festa, geralmente associada ao dia de S. Martinho ou ao dia de Todos os Santos, em que tradicionalmente se assam castanhas.
"magusto", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa